Arraigada dentro d'alma
Transparente como um cristal
Voa nas asas da borboleta
Alimenta-se como um beija-flor
Revela-se a flor da pela sem vaidade
Persegue fiel ao sentimento do coração
Não se deixa levar pela submissão
Bela na sutileza dos seus gestos
Ausente no emprego de artifícios
Presente no tocante à emoção
Atua modesta na sua realização
Transparente como um cristal
Leve como um floco de algodão
Múltipla no infinito espaço sideral
Única no propósito claro da ação
Voa nas asas da borboleta
Alimenta-se como um beija-flor
Uma semente que germina
Pássaros que voltam ao seu lar
A doce ternura de uma menina
O velho saber de cativar
Serena, pousa no instante
Do essencial faz sua constante
Sem rodeios, sem conflitos...
Contenta-se em ser só o que é
Gosto das coisas simples, sou assim desde criança, não adianta alguém querer que eu seja sofisticada, patricinha, dondoca, madame, nem tão pouco extrovertida ou espalhafatosa, isso não combina com meu temperamento.
Quanto mais simples o gesto mais aguça a minha curiosidade. Foi neste observar solto que no dia da estréia de Lisistrata vi meu diretor arrumando as cadeiras na platéia do teatro, acomodando sensivelmente as pessoas, colocando na frente os mais idosos e de difícil locomoção. Aquele gesto chamou minha atenção. Ele, nosso diretor, um rapaz jovem, que, na sua condição hierarquicamente superior poderia ficar apenas de camarote, fazendo só o que lhe diz respeito. Não! Estava ali dando o maior apoio. Foi naquele momento que surgiu os primeiros versos inspirados em um comportamento com toda simplicidade de ser.