Simplicidade

                              06                                        

    Arraigada dentro d'alma
    Revela-se a flor da pela sem vaidade
    Persegue fiel ao sentimento do coração
    Não se deixa levar pela submissão

    Bela na sutileza dos seus gestos
    Ausente no emprego de artifícios
    Presente no tocante à emoção
     Atua modesta na sua realização 
  
 S ̄o Felipe2010 015


Transparente como um cristal
Leve como um floco de algodão
Múltipla no infinito espaço sideral
Única no propósito claro da ação



Voa nas asas da borboleta   
Alimenta-se como um beija-flor
Sorri nos lábios de uma criança
Pega na mão do seu amor


Uma semente que germina
Pássaros que voltam ao seu lar
A doce ternura de uma menina
O velho saber de cativar

Serena, pousa no instante
Do essencial faz sua constante
Sem rodeios, sem conflitos...
Contenta-se em ser só o que é

   
Gosto das coisas simples, sou assim desde criança, não adianta alguém querer que eu seja sofisticada, patricinha, dondoca, madame, nem tão pouco extrovertida ou espalhafatosa, isso não combina com meu temperamento. 
Quanto mais simples o gesto mais aguça a minha curiosidade. Foi neste observar solto que no dia da estréia de Lisistrata vi meu diretor arrumando as cadeiras na platéia do teatro, acomodando sensivelmente as pessoas, colocando na frente os mais idosos e de difícil locomoção. Aquele gesto chamou minha atenção. Ele, nosso diretor, um rapaz jovem, que, na sua condição hierarquicamente superior poderia ficar apenas de camarote, fazendo só o que lhe diz respeito. Não! Estava ali dando o maior apoio. Foi naquele momento que surgiu os primeiros versos inspirados em um comportamento com toda simplicidade de ser. 

O amor pulsa

Fotos de mulheres gravidas


Mexe com o pé
Bole com a mão
Empurra a cabeça
Bate o coração

Se alimentando
Vai se esticando                                                                                              E do meu corpo...
                                                        vai se apossando
                                                                                                                                                                       
            
E gostoso sentir
dentro de mim             
Como desejo...
tê-lo nos braços

Corta o cordão
fica o laço

(Delma Teixeira)





A gravidez foi um momento divino na minha vida. Encarnada em mim estava à própria Deusa da Criação. Eu me sentia encantada, inebriada de tanta felicidade, como se fosse à única pessoa no mundo escolhida para gerar vida e vê-la crescer dentro de mim. A cada movimento do bebê eu curtia a sensação de prazer, o amor dentro de mim crescia. Eu sabia que aquela criaturinha, sangue do meu sangue, carne da minha carne, logo, logo, seria uma parte de mim que ganharia independência, mas o laço incondicional de amor que nasceu daquele relacionamento iria ficar para sempre.



Laços

Laços vermelhos, rosa,
eternos, passageiros;     
azuis, amarelos,             
fraternos, de família       

Laços pardos, lilás,
amigáveis, desleais;
pretos, dourados,
verdadeiros, dissimulados



        Laços cenoura, prateados,        Laços verdes, imaturos,              
        íntimos, reformados;                 conscientes, maduros;     
        cor de abóbora, marrons,          bege, escuro,                  
        fingidos, dissolvidos                  forte, seguro                    
                       
                       
Laços cinza, brancos,      Laços laranja, coloridos,   Diga-me, agora:  
no presente, no vestido;    sinceros, leais;                qual a cor
grandes, pequenos,          no buquê de flores           e forma
calorosos, amenos           e nos amores                   de seus laços?

                           
Existe um laço que entre todos considero bem especial; o laço de amizade, base de qualquer relacionamento bem sucedido. Para ilustrar esse laço vou contar a historia do Dr. Artur. Historia essa, fruto da minha mania recorrente de perguntar para as pessoas, com maior incidência na área de saúde, o porquê de ter escolhido determinada profissão.
Respondendo a minha pergunta na ocasião de uma consulta, ele me contou que quando era criança tinha um amiguinho com problemas de visão que enxergava pouco e usava óculos com as lentes grossas, aquela dita “fundo de garrafa”. Vendo a dificuldade do amiguinho para ler e a grave doença que o acometia; um dia lhe prometera que quando crescesse seria medico e cuidaria dos seus olhos. Promessa essa cumprida, ele se tornara medico com especialidade em oftalmologia; fez muitos estudos do caso, algumas intervenções cirúrgicas, porém só conseguiu salvar um olho. Hoje este amigo é padre e os dois continuam zelando por esta bonita amizade.