Simplicidade




Arraigada dentro d’alma
Revela-se à flor da pele sem vaidade
Persegue fiel ao sentimento do coração
Não se deixa levar pela submissão

Bela na sutileza dos seus gestos
Ausente no emprego de artifícios
Presente no tocante à emoção
Atua modesta na sua realização

                                       Transparente como um cristal
                                       Leve como um floco de algodão
                                       Múltipla no infinito espaço sideral
     Única no propósito claro da ação

    Voa nas asas da borboleta
    Alimenta-se como um beija-flor
   Sorri nos lábios de uma criança
   Pega na mão do seu amor

  Uma semente que germina
  Pássaros que voltam ao seu lar
  A doce ternura de uma menina
  O velho saber de cativar

Serena, pousa no instante
Do essencial faz sua constante
Sem rodeios, sem conflitos...
Contenta-se em ser só o que é


Gosto das coisas simples, sou assim desde criança, não adianta alguém querer que eu seja sofisticada, patricinha, dondoca ou madame, nem tão pouco extrovertida ou espalhafatosa, isso não combina com meu temperamento.

Quanto mais simples o gesto mais aguça a minha curiosidade. Foi neste observar solto que no dia da estréia de Lisistrata vi meu diretor, Lucas Mariane, arrumando as cadeiras na platéia do teatro, acomodando sensivelmente as pessoas, colocando na frente os mais idosos e de difícil locomoção. Aquele gesto chamou minha atenção. Ele, nosso diretor, um rapaz jovem, que, na sua condição hierarquicamente superior, poderia ficar apenas de camarote, fazendo só o que lhe diz respeito. Não! Estava ali dando o maior apoio. Foi naquele momento que surgiu os primeiros versos inspirados num comportamento com toda simplicidade de ser.

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