O BAILE

A lua é testemunha:
a princesa foi a pé!
A abóbora não virou
carruagem
nem havia
tapetes no caminho
O príncipe foi-lhe arrastando
e ela resmungando baixinho
Ele tentou carregá-la
mas era muito fraquinho
Passou pontes
pedregulhos
vielas de capim
estradas sem calçamento
uma árdua vereda enfim
Não teve orquestra sinfônica
nem fogos de artifício
nem violas
ou violinos
só um radiozinho
para alívio 
Não teve banquete
nem flores
só suspiros e amores
desejos
arrebatados
sussurros
e muitos carinhos
E assim...
a princesa
apaixonou-se
e o príncipe?

No conto de fadas a princesa vai ao Baile numa carruagem, o seu vestido é longo, todo bordado pelo bico dos passarinhos, mágica feita pela Fada Madrinha. O Baile acontece num Palácio Imperial que é um luxo só, com jantares, criados e orquestra. O príncipe é perfeito, malhado e possui todos os atributos que encantam, além, é claro, de possuir um vasto patrimônio. Na vida real, a história é outra, o príncipe trabalha como um condenado, não tem criados, não tem carro, anda a pé ou de Uber e a princesa vai ao baile também a pé com sua saia de Chita e blusa de Algodão e é feliz porque valoriza a beleza da simplicidade, a entrega com sinceridade e vive intensamente o aqui e agora bailando com leveza e autenticidade, deixando a música do radiozinho penetrar na sua alma e assim colorir a sua vida real com amor e harmonia a cada dia,  colocando poesia em tudo que vê e experimenta.

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